Artilheiro do Verdão, camisa 10 entende função de centroavante, é exaltado por Abel Ferreira e vive grande fase
“Não desista dos seus sonhos”: Rony faz de bicicleta e ganha homenagem
Ao ser perguntado sobre a disputa por uma posição no Palmeiras com os reforços Merentiel e José López, que podem jogar a partir do dia 18 de julho, Rony foi interrompido por Abel Ferreira na sala de imprensa no Allianz Parque após a goleada por 5 a 0 sobre o Cerro Porteño.
– Pode dizer a eles que seu lugar ninguém tira (risos) – disse o português, ao lado do atacante.
É inegável que o camisa 10 teve um salto de desempenho a partir da chegada de Abel. Com a atual comissão técnica, ele saiu da ponta para se tornar centroavante, foi decisivo nas conquistas das duas Libertadores e se firmou como um intocável, como anunciado pelo próprio treinador.
Veja como foi o processo para que o atacante vivesse essa transformação e saísse de um início questionado para ter 37 mil pessoas o aplaudindo de pé no Allianz Parque, após marcar um golaço de bicicleta.
Como começou a relação com Abel?
O primeiro contato com o treinador já encheu Rony de ânimo. Abel assistiu das tribunas do Allianz Parque à vitória por 3 a 0 sobre o Atlético-MG, em novembro de 2020, e viu o jogador marcar um dos gols.
No vestiário, o comandante deu parabéns para o atacante, que à época ainda tentava se firmar no clube e ficou tocado pelo apoio. A partir dali iniciou-se uma confiança mútua.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2022/i/i/fFAMggSB2nOqRGYoiqHQ/52183125061-7f5c97ebce-h.jpg)
Rony e Abel durante jogo do Palmeiras pela Libertadores — Foto: Cesar Greco
O treinador, inclusive, chegou a avisar a diretoria no ano passado que Rony não poderia ser negociado de forma alguma. Na época, ele recebeu uma procura da MLS, liga de futebol dos Estados Unidos.
– É uma felicidade imensa ele ser nosso treinador, e para mim é uma felicidade também tê-lo como treinador. Por tudo que ele fez por nós e vem nos ajudando bastante, sem nos deixar relaxar em hipótese nenhuma – agradeceu Rony, na quarta.
Por que ele se tornou centroavante?
Rony foi contratado como ponta, mas precisou ser improvisado como centroavante por necessidade. Abel gosta de ter três jogadores de referência, com funções diferentes: um que ataque o espaço e tenha um jogo de profundidade, outro capaz de fazer o pivô e mais um para jogo aéreo.
Mas durante toda a passagem do técnico, a posição é uma das que ele teve menos opções. Luiz Adriano era o titular e, diante da ausência de um concorrente, o comandante conversou com Rony e lhe explicou que via nele a capacidade de ser este centroavante que ataca o espaço.
– Se ele quisesse ser egoísta, chegava no treinador e falava: “estou puto contigo. Sabe onde eu rendo mais, sempre fui ponta”… Mas ele é um ser humano extraordinário. Quando sabemos a história dele de vida, quando ele diz que como não vai ter força se numa altura só comia raízes e agora tenho essa oportunidade. As pessoas não conhecem como homem, conhecem como jogador – disse Abel, em entrevista ao podcast da Conmebol.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2022/u/v/E2AUmfTw6Rb5f7YPHQDg/52198265367-4b85a0dcbd-h.jpg)
Rony comemora na goleada do Palmeiras sobre o Cerro Porteño — Foto: Cesar Greco
E por que deu certo?
Rony não tem a frieza de históricos centroavantes, mas a sua entrega em campo é o que encanta Abel. Sempre disposto a ajudar, principalmente na pressão para recuperar a posse, o camisa 10 teve de passar por um processo de adaptação, especialmente para o posicionamento sem bola.
O técnico chegou a brincar que o jogador é nota 7 com a bola, e se fosse 9 ou 10 estaria em times como Barcelona ou Bayern de Munique. A questão era a afobação.
Tanto que durante este período mais adiantado não foram poucas as chances claras desperdiçadas pelo veloz atacante. Mas a avaliação é de que o saldo era positivo, a ponto de na temporada passada Luiz Adriano, peça importante na tríplice coroa de 2020, ter se tornado reserva de Rony.
– É um jogador que qualquer treinador quer ter, intenso, técnico, que defende, que ataca… Acreditamos que o futebol moderno é isso, é intensidade, velocidade. É chegar na área e não estar na área. Ele nos dá tudo isso. Pode fazer qualquer uma das posições na frente, centroavante ou ponta – pontuou Abel.
Os números estão a seu favor?
Com certeza. Depois de um início ruim, Rony terminou sua primeira temporada pelo Palmeiras com 11 gols. No ano passado, já atuando mais frequentemente como centroavante, foram 12. E então Abel fez uma cobrança ao seu comandado.
– O professor me fez uma pergunta no começo da temporada, de quantos gols fiz no último ano. Ele disse que tinha muito a acontecer e que eu tinha de fazer mais, e as coisas iam acontecer naturalmente. Fico feliz de poder ajudar a equipe da melhor maneira possível, independentemente da posição eu digo que procuro dar meu melhor.
A temporada ainda está na sua metade, mas Rony já fez 18 gols em 2022. Ele é o artilheiro do Verdão no ano, além de ser também o maior goleador do clube na história da Libertadores também com 18 gols, sendo sete na edição atual. Ele é um dos artilheiros do torneio, junto de Rafael Navarro.
Por que os reforços não o ameaçam?
Apesar da declaração de Abel, Rony terá em 10 dias a concorrência de dois reforços para o setor. Mas com Merentiel e López, o Verdão entende que ganha opções para armar o ataque de forma diferente.
A primeira opção é poder usar Rony novamente na função de origem, pelo lado do campo. Mas isso não significa que ele será novamente ponta.
Em alguns jogos nesta temporada, Abel usou um esquema que se assemelha com o que gostava de trabalhar na Europa, com dois jogadores na área.
Nesta formatação, Rony pode ficar aberto pela esquerda sem bola, mas quando o Palmeiras ataca ele tem liberdade para fazer a diagonal, aproximar-se do centroavante e ir para a área.
Como costuma fazer a cada nova contratação, Abel já mandou um recado para os novos atacantes: eles não chegam com cadeira cativa.
– Os que chegam sabem que quem está já tem lugar, quem chega vem para aumentar a competitividade, ninguém tira lugar de ninguém. Todos têm lugar no meu elenco e no meu coração – definiu o comandante.
Fonte: ge.