Além das dificuldades economicas e ambientais enfrentadas pelo agronegócio, a produção esbarra em infraestrutura precária, especialmente na metade norte do país, colocando em risco a competitividade do setor e a segurança alimentar nacional. Ação imediata é crucial para garantir o futuro do agronegócio brasileiro, sua competitividade no mercado global e a segurança alimentar do país.
O alerta é da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) ao tratar, em Brasília, dos desafios do setor. Apesar do recorde de crescimento de 15,1% em 2023, conforme dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a questão logística ainda é um entrave para o setor, segundo a entidade.
O transporte rodoviário, principal modal de escoamento da safra, enfrenta carência de infraestrutura, má conservação das rodovias e longas distâncias até os portos, elevando custos e perdas. A subutilização das ferrovias e hidrovias, mesmo com seu potencial de eficiência e economia, agrava a situação. A seca na Amazônia evidenciou a necessidade de investimentos em infraestrutura aquaviária.
As perdas na safra podem chegar a 30%, impactando diretamente os produtores. O transporte rodoviário oneroso, somado à ineficiência logística, compromete a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado internacional. A falta de infraestrutura adequada aumenta os riscos de acidentes e perdas de carga, gerando insegurança e instabilidade no setor.
Especialistas alertam que, sem medidas contundentes, o Brasil corre o risco de um colapso logístico nos próximos dez anos. Investimentos expressivos em infraestrutura são essenciais, incluindo a construção de novas ferrovias e hidrovias, a modernização dos portos e a integração dos modais de transporte para otimizar a logística.
Segundo Elisangela Pereira Lopes, assessora técnica da CNA, apesar de 69% da produção de soja e milho ser proveniente das regiões de novas fronteiras agrícolas, apenas 34% são escoados pelos portos do Arco Norte, que se estendem do Amazonas até a Bahia.
A Lei dos Portos, aprovada em 2013, abriu caminho para a concorrência entre portos públicos e terminais privados, impulsionando a movimentação nos portos, especialmente na região mencionada. O Reporto, que prevê incentivos fiscais para modernização e ampliação da estrutura portuária, também é citado como um passo importante.
No entanto, eventos climáticos, como a seca severa que interrompeu o tráfego nos rios amazônicos no último verão, destacam a necessidade de uma abordagem mais ampla na logística, incluindo o transporte aquaviário. De acordo com a CNA, a superação desses obstáculos logísticos é crucial para sustentar o crescimento do setor no futuro.